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Mostrando postagens de maio, 2025

PAIS DE BONECAS: A SOLIDÃO DISFARÇADA EM REALISMO

  Quem viveu os anos 90 certamente se lembra do Tamagotchi, aquele bichinho virtual japonês que precisava ser alimentado, limpo e cuidado para não “morrer”. Foi uma febre mundial. Passadas algumas décadas, parece que estamos revivendo uma versão atualizada desse fenômeno, só que agora com um grau de realismo e complexidade muito maior. Depois dos pais de pets e dos pais de planta, surge um novo perfil: os pais de bonecas reborn — adultos que investem tempo, dinheiro e afeto em bonecas hiper-realistas, tratadas como se fossem bebês de verdade. Elas recebem nomes, ganham roupas personalizadas, são levadas em carrinhos e até em viagens. Há influencers que mostram sua rotina com as bonecas, hotéis especializados em “hospedar” reborns, salões de beleza para “cuidados maternos”, aulas de “educação reborn” e um vasto mercado de acessórios, bijuterias, certidões fictícias e serviços personalizados. A indústria agradece. A pergunta inevitável é: por que um adulto, com boletos para pagar e r...

O PAPA É POP - E A CULTURA IMPERA

Nos últimos dias, os olhos do mundo se voltaram para o Vaticano. Com a morte do Papa Francisco, não apenas o luto tomou conta das manchetes, mas também uma avalanche de atenção midiática cercou os rituais, símbolos e tradições do catolicismo romano. De repente, termos como sede vacante, conclave e fumata branca se tornaram parte do vocabulário cotidiano. As redes sociais, os jornais, os canais de notícias — todos pareciam falar uma nova linguagem, codificada por séculos de tradição, mas agora traduzida em tempo real pela cultura pop. Nunca a frase “O papa é pop” fez tanto sentido quanto agora. E, mais do que isso, nunca foi tão evidente como a cultura contemporânea é capaz de absorver até mesmo as estruturas mais rígidas da tradição religiosa. Não se pode negar — e talvez aqui caiba uma confissão: foi tudo muito bonito. Das cores das roupas da Guarda Suíça aos passos solenes dos cardeais, tudo absolutamente coreografado e esteticamente impecável. Há ali uma sensação legítima de transce...

A Igreja Não é uma Democracia: A Sabedoria de um Governo de Discipulado

  A igreja não é uma instituição secular qualquer. Sua definição vem da própria Escritura: ela é o corpo de Cristo (1 Co 12:27). Isso significa que seus valores, visão, governo e liderança derivam da palavra de Jesus, revelada nos evangelhos e nos ensinos dos apóstolos — e não dos ventos da cultura, tampouco das boas ideias. Quem vive de boas ideias é o marketing. A formação da liderança e do governo da igreja não é fruto da tomada de poder, resultando numa ditadura impositiva; mas também não é resultado de uma representatividade democrática, onde o voto de um neófito tem o mesmo peso de um presbítero experiente. Basta olhar para o catolicismo e seu conclave: não há democracia ali há mais de 1500 anos. É nítida a confiança dos fiéis na escolha do seu pontífice por líderes comprometidos com sua história, dogma e fundamentos. Uma frase repetidamente usada por eles no recente conclave foi: “O Espírito Santo escolherá o novo papa”. Isso é fé. Sem propagandas, sem interferências de pres...