A igreja não é uma instituição secular qualquer. Sua definição vem da própria Escritura: ela é o corpo de Cristo (1 Co 12:27). Isso significa que seus valores, visão, governo e liderança derivam da palavra de Jesus, revelada nos evangelhos e nos ensinos dos apóstolos — e não dos ventos da cultura, tampouco das boas ideias.
Quem vive de boas ideias é o marketing.
A formação da liderança e do governo da igreja não é fruto da tomada de poder, resultando numa ditadura impositiva; mas também não é resultado de uma representatividade democrática, onde o voto de um neófito tem o mesmo peso de um presbítero experiente.
Basta olhar para o catolicismo e seu conclave: não há democracia ali há mais de 1500 anos. É nítida a confiança dos fiéis na escolha do seu pontífice por líderes comprometidos com sua história, dogma e fundamentos. Uma frase repetidamente usada por eles no recente conclave foi: “O Espírito Santo escolherá o novo papa”. Isso é fé.
Sem propagandas, sem interferências de pressões externas — apenas homens velhos, carregados de experiência de anos, com uma cosmovisão profunda de sua própria igreja e preocupados mais com ela do que com os valores deste mundo. Existe sabedoria nisso.
A liderança e o governo da igreja são frutos de um governo de discipulado. O Senhor Jesus discipulou os apóstolos — a primeira liderança de sua igreja. E Paulo ordena a Timóteo: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2 Timóteo 2:2).
O que veremos daqui pra frente, infelizmente, é uma guerra de propaganda eleitoral: púlpitos se transformarão em palanques; igrejas se dividirão; acordos de apoio por cargos afetarão diretamente a missão da igreja. Surgirão outros problemas típicos desse processo político: o enfraquecimento da autoridade espiritual, o surgimento de líderes populistas, o abandono da doutrina em favor da opinião pública e, por fim, a secularização da missão.
Que a igreja de Cristo redescubra a beleza e a força do discipulado na formação de sua liderança, confiando mais na ação do Espírito Santo do que na eficiência das urnas.
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