
Temos diante
de nós um dos textos mais difíceis do novo testamento e também de toda bíblia.
Existem varias interpretações deste texto, que desde os primórdios da igreja;
já no tempo dos pais da igreja se debatia e discutia a respeito do que, afinal
Pedro estava escrevendo e queria dizer.
Parece um
texto sem nexo, fora de ordem temática e cronológica. O problema é que, todos
quando leem este texto fazem uma leitura absolutamente pretenciosa e já pre
conceituada, ou seja, o leem já com um assunto definido em sua mente. Leem para
dar base a um pensamento já estabelecido. Pensamento este que geralmente não é
o que estava na cabeça do autor quando escreveu.
Uma das
leituras pre conceituadas deste texto, é o conceito do Credo católico “Desceu
aos infernus” .
Veremos que
Pedro trata de três questões importantes: O sofrimento, a Morte (sepultamento)
e a ressurreição de Jesus.
Não podemos
perder de vista que Pedro está escrevendo para os crentes que estão sofrendo,
na diáspora. Cristãos, espalhados, perseguidos, desterrados e espoliados por
diversas regiões da Ásia Menor. A questão do sofrimento do salvos, dos justos é
o grande tema desta carta.
Precisaremos
fazer algumas perguntas a perícope da qual vamos analisar, que são de
fundamental importância para o entendimento do texto:
Quando e onde
Jesus pregou aos espíritos em prisão?
Quem são esses
espíritos em prisão?
Porque estão
presos?
Quem foi
desobediente nos dias de Noé?
ANÁLISE DO
TEXTO
18 Pois Cristo
morreu pelos pecados
de uma vez
por todas, o justo
pelos injustos, para
levar vocês até
Deus. Ele foi morto no
corpo, mas vivificado
pelo Espírito.
Por Incrível
que pareça, os grandes problemas deste texto começam pela tradução equivocada
de uma única palavra neste verso: “morreu”. A palavra usada por Pedro é [1]επαθεη que é a 3 pessoa do
singular aoristo 2 do indicativo de πασχω = ser
afetado por algo, sofrer, suportar¹. O verbo morrer, é αποθνησκω
como em 1Co 15:3 (Porque
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos
pecados, segundo as Escrituras;)
Em nenhum
lugar da carta, Pedro usar o verbo morrer (αποθνησκω). O verbo
sofrer aparece 11 vezes nesta epístola
e parece ser uma expressão favorita do autor².
A NVI trás a tradução correta do texto.
Todo esse argumento não é para diminuir
ou negar a morte vicária de Cristo, mas sim para um esclarecimento de que sofrer esta de acordo com o contexto do
texto, e com a carta em geral. Pois a passagem anterior (13-17), Pedro está
falando a respeito do sofrimento que os cristãos estavam passando, seja pelas
mais diversas causas; disse ele, “É melhor sofrer por fazer o bem, se for
da vontade de Deus, do que por fazer o mal.”
Outro problema deste verso é a parte “morto no corpo (carne), mas
vivificado pelo Espírito. ” Na opinião dos estudiosos, a palavra corpo
(σαρξ) significa a vida
de Jesus na terra, de modo que a palavra espírito se refere à sua vida
ressurreta. O termo espírito, portanto, está relacionado à esfera espiritual e
a condição plena da existência de Cristo depois da ressurreição.
Ao mesmo tempo, não se pode excluir a possibilidade de
uma referência ao Espírito Santo. A ressurreição de Jesus
é obra do
Deus Triúno, pois
o próprio Jesus declarou que possuía o poder de
entregar sua vida e também reavê-la (Jo
10.18; ver também
Jo 2.19-21; 11.25). Paulo ensina
que o Pai ressuscitou Jesus dos
mortos (Rm 6.4; G1
1.1; Ef 1.20;
ver também At 2.32). E, em Romanos
8.11, ele menciona que
o Espírito Santo estava envolvido na ressurreição de
Cristo³.
Por fim, [2]as formas
verbais morto e vivificado estão na voz
passiva. Por isso, podemos
inferir que um
agente (alguém ou
alguma coisa) foi responsável pela morte de Cristo e o vivificou. No
caso do primeiro verbo, Pedro não
indica o agente, mas para o
segundo ele indica a pessoa do
Espírito Santo.
Em resumo, no verso 18, Pedro está fazendo uma
introdução do assunto a ser tratado nos próximos versos. O que ele está dizendo
é: “Irmãos, assim como vocês sofrem, Cristo também sofreu; sua vida foi uma
vida de sofrimento, e que resultou até em sua morte, ou seja, o sofrimento é
compatível sim com o justo. Porem seu sofrimento, resultou perdão de pecados e
reconciliação com Deus; de uma vez por todas, que morreu em seu próprio corpo e
foi ressuscitado no (ou pelo) espirito; Portanto o sofrimento de vocês é
passageiro, e pelo sofrimento de Cristo vocês alcançaram também a
ressurreição”.
Não podemos perder de vista que Pedro fala do
sofrimento, da morte e ressurreição de Jesus, identificando aqueles cristãos
que estão sofrendo, com o Cristo e seu sofrimento. Nos próximos versos ele fala
das consequências desse sofrimento vicário para o salvo e para o reino das
trevas.
19 Por intermédio
do qual ele
também foi e
pregou aos espíritos na prisão,
20a que desobedeceram
há muito tempo atrás, quando Deus
esperou pacientemente nos
dias de Noé enquanto a arca
estava sendo construída.
Antes porem da exposição do texto, apresento algumas interpretações
históricas. Há muitas interpretações para esse texto. Eis algumas delas,
apresentadas em ordem cronológica.
a.
Clemente de Alexandria, por volta do ano 200 d.C., ensinava que Cristo foi ao
inferno em seu espírito proclamar a mensagem da salvação às almas dos pecadores
que estavam presas lá desde o dilúvio (Stromateis 6.6).
b.
Agostinho, por volta de 400 d.C., disse que o Cristo preexistente proclamou a
salvação através de Noé ao povo que viveu antes do dilúvio (Epistolae 164).
c. Na
última metade do século 16, o cardeal Belarmino introduziu a idéia que tem sido
afirmada por muitos católicos romanos: em espírito, Cristo foi libertar as
almas dos justos que se arrependeram antes do dilúvio e que tinham ficado no
limbo, ou seja, no lugar entre o céu e o inferno onde, de acordo com Belarmino,
ficavam as almas dos santos do Antigo Testamento (De Controversiis 2.4,13).
d. Uma
interpretação promulgada por Friedrich Spitta na última década do século 18 é a
seguinte: Depois de sua morte e antes de sua ressurreição, Cristo pregou aos
anjos caídos, também conhecidos como “filhos de Deus” que, no tempo de Noé,
haviam se casado com as
“filhas
dos homens” (Gn 6.2; 2Pe 2.4; Jd 6).
e. Comentaristas
contemporâneos ensinam que o Cristo ressurreto, quando ascendeu aos céus,
proclamou aos espíritos em prisão sua vitória sobre a morte.
f. Eis agora o comentário de João Augusto da
Silveira sobre o texto
Passemos a considerar, agora, os versos de 1 Pedro 3:19-20, e vejamos se
os espíritos em prisão, que nos fala o apóstolo, eram os espíritos dos que, nas
águas do dilúvio, pereceram em virtude da rejeição da mensagem de Noé, atinente
ao dilúvio, ou se foi os próprios homens com quem O meu Espírito não contenderá
[lutará ou pelejará] para sempre (Gn 6:3). Este texto mostra que o Espírito de
Deus entrou a contender com aquela geração, dando-lhe um tempo de graça para
que se arrependessem, tempo esse que foi de cento e vinte longos anos (Gn 6:3).
Comparando Gênesis 6:3 com 1 Pedro 1:9-11 fica esclarecido que o Espírito
de Cristo estava nos profetas anunciando a salvação das almas (v.9), o que Noé,
profeta daquela geração – pregoeiro da justiça (2 Pd 2:5), deu pelo Espírito de
Cristo a mensagem aos espíritos em
prisão – homens presos em delitos e pecados -, tal como Jesus encontrou o
próprio povo judeu e encontrará o mundo descuidado em sua segunda vinda (Mt
24:36-39). Compare ainda as passagens seguintes, com as que acima já foram
citadas (Hb 1:1; 2 Co 5:18-20). Foi isto que o Espírito de Deus fez por meio de
Noé, e continua fazendo com os “espíritos em prisão” [homens presos em delitos
e pecados] que continuam, como os daquela geração, rejeitando o doce convite da
mensagem da graça ao mundo.
Objeções
O primeiro
ponto de vista é o de Clemente de Alexandria. Ele ensinava que Cristo desceu ao
inferno em espírito para proclamar a mensagem da salvação às almas lá
aprisionadas desde o dilúvio. Podemos apresentar duas objeções básicas contra a
interpretação de Clemente: 1) as Escrituras nada dizem sobre o aprisionamento
de almas condenadas por Deus; e 2) a doutrina de Agostinho, de que não há
conversão após a morte, repudia o ponto de vista de Clemente.
Em segundo lugar, Agostinho diz que o Cristo preexistente
proclamou a salvação através de Noé às pessoas que viveram antes do dilúvio.
Ninguém questiona o fato de que o Espírito de Cristo estava atuando no tempo
entre a Queda de Adão em pecado e o nascimento de Jesus. A objeção ao ponto de
vista de Agostinho está no fato de que ele se desvia das palavras de 1 Pedro
3.19. Agostinho fala do Cristo pré-encarnado, e não do Cristo que foi “morto,
sim, na carne, mas vivificado pelo espírito”. Ignorando também o conceito
bíblico em Rm. 1.18-32, onde Paulo esclarece a condição humana em relação a
revelação universal a respeito de Deus, através da criação de que tais homens
por si só já são indesculpáveis diante de Deus. Resolvendo assim a questão do
conhecimento a respeito, que o homem tem do próprio Deus. Ou seja, parece haver
uma necessidade no ponto de Agostinho de isentar Deus de qualquer
responsabilidade com relação a ignorância do homem. No texto de romanos citado
acima, Paulo resolve esse problema mostrando que não há inocentes diante de
Deus. E longe disto, está Pedro tentado fazer isso neste texto. Não está
tratando deste assunto em nenhum lugar sequer da sua carta.
Pedro também não faz referência a pessoas, e sim a espíritos em
prisão. E a ideia de espíritos aqui não pode se referir a pessoas, pois vai
contradizer o que diz o verso 22 que identifica esses espíritos como sendo
anjos, e as autoridades, e as potestades. Se afirmamos que ouve uma proclamação
ao espírito mesmo que aos contemporâneos vivos do tempo de Noé, estamos
afirmando uma dicotomia, algo que vai contra aquilo que a bíblia afirma ser a
constituição humana.
Em
terceiro lugar, Belarmino ensinava que, mesmo que o corpo de Cristo tenha
morrido na cruz, sua alma permaneceu viva. Assim, em seu espírito, Cristo foi
libertar as almas dos justos que se arrependeram antes do dilúvio e
encontravam-se no limbo. Esta afirmação é uma fraude exegética e hermenêutica,
pois não há nenhuma base bíblica para tal entendimento. É sim fruto de
tradicionalismo religioso viciado. Pergunta: onde fica tal limbo? Sem mais.
Há, ainda, a interpretação de Spitta.
Ele dizia que, depois de sua morte e antes de sua ressurreição, Cristo havia
pregado para anjos caídos que, durante a época de Noé, haviam se casado com as
“filhas dos homens”, mas há objeções sérias a essa ideia. Ao responder aos
saduceus que lhe perguntaram sobre a ressurreição, Jesus afirmou que os anjos
não se casam nem se dão em casamento (Mt 22.30). Temos dificuldade em
compreender como os anjos caídos, que são espíritos, podem ter relações sexuais
com mulheres. Pergunta: Pregado o que? O evangelho de salvação, para seres
incapazes de arrependimento e já condenado por Deus? E outra. E quanto aos
outros anjos caídos que não haviam se casados com as filhas dos homens? É uma
mistura de alhos com bugalhos que não faz o menor sentido. É impossível a luz
do texto de Pedro entender dessa maneira. E mais impossível ainda é pensar que
isto, que não tem o menor sentido estivesse na cabeça de Pedro em sua carta,
que não trata de nada disso.
Por fim, os comentaristas mais recentes ensinam que o Cristo
ressurreto, durante sua ascensão aos céus, proclamou aos espíritos em prisão
sua vitória sobre a morte. O Cristo exaltado, proclamou seu triunfo sobre todas
as hostes e potestades (Ef 6.12; Cl 2.15). A ressureição de Cristo trouxe como
resultado salvação ao homem caído e humilhação e exposição de satanás e seus
demonios. E também a conferencia a Cristo de todo o poder e autoridade, quer
seja sobre homens (e isso inclui os Césares romanos), anjos, demonios e domínio
(Império romano). Essa interpretação tem encontrado reações favoráveis nos
meios protestantes, e está em harmonia com o ensinamento da passagem de Pedro e
com o resto das Escrituras.
Voltemos
agora a exposição própria do texto
19 Por intermédio
do qual ele
também foi e
pregou aos espíritos na prisão,
20a que desobedeceram
há muito tempo atrás, quando Deus
esperou pacientemente nos
dias de Noé enquanto a arca
estava sendo construída.
“Do qual”. A palavra que vem
antes de “do qual” é o termo espírito. Pedro está dando continuidade ao seu
assunto anterior. O que Pedro esta dizendo é que, “Através da ação do Espírito
de Deus, depois de sua ressurreição,
Jesus Cristo “foi e pregou aos espíritos em prisão”.
A declaração “foi e pregou” significa que
Jesus desceu ao
inferno? Não, pois faltam as evidências para essa suposição. Em nenhum
lugar as Escrituras ensinam
que, depois de sua
ressurreição e antes de sua ascensão, Cristo desceu ao
inferno. Além do mais, temos dificuldade
em aceitar a explicação
de que Cristo,
em seu espírito,
foi pregar aos contemporâneos de Noé. Mas, antes de continuarmos com
essa questão, precisamos fazer a seguinte pergunta:
O que se quer dizer com o termo pregou? O verbo encontra-se sozinho, de modo que não
somos capazes de determinar o conteúdo da pregação. A palavra usada para pregar, no sentido de anuncio do evangelho é ευαγγελιζω.
A palavra usada por Pedro é εκηρυξην, que vem do
verbo κηρυσσω que significa proclamar. Portanto o verbo
pregou significa que Cristo proclamou vitória sobre seus adversários. “Assim,
podemos supor com razão, que é a vitória de Cristo sobre os seus adversários
que é enfatizada em 3.19, e
não a conversão
ou evangelização de espíritos
desobedientes”. “Aos espíritos na prisão”. Os espíritos são de seres
humanos, anjos caídos ou a ambos?
Meu
entendimento é que esses “espíritos em prisão” não poderiam ser espíritos
humanos. Isso porque não há salvação
depois da morte. E ainda que fosse, estaríamos tratando de uma dicotomia da
natureza humana. Se ainda assim fosse, deveríamos perguntar: esses espíritos
(humanos) estaria presos onde, ou em que prisão? Logo, esses espíritos não pode
ser de pessoas, ou seja, o termo não se refere a pessoas em si. Pois se fosse,
teríamos mais dificuldade ainda em responder, tais espíritos (pessoas) estariam
em qual prisão?
Então,
essa proclamação foi feita aos anjos caídos. Sendo assim, não foi
uma proclamação para
redenção, uma vez que não há salvação
para anjos caídos. O termo traduzido por
“pregou” significa, simplesmente, “anunciou como arauto, proclamou”. Logo, essa
proclamação não se deu no período entre a morte e a ressurreição de Cristo,
pois em nenhum lugar as Escrituras nos informam que Jesus desceu ao inferno.[3]
Pedro escreve que Deus enviou anjos que pecaram “a abismos das trevas” (2Pe
2.4; comparar com Jd 6).
Coincidentemente, a Bíblia não menciona em lugar nenhum que as almas de
seres humanos são mantidas em prisão.
Pedro diz
que os espíritos são aqueles (e não daqueles) que “noutro
tempo foram desobedientes” (v.
20a). Ele escreve:
“Aos espíritos... os quais noutro
tempo foram desobedientes”. Ele não diz “os espíritos daqueles que foram
desobedientes”.
Por fim, nenhuma doutrina escriturística
ensina que o ser humano tem uma segunda chance de se arrepender depois da morte
(Hb 9.27). Quando se fecha a cortina
entre o tempo e a eternidade, o destino do ser humano está selado e o período
da graça e do arrependimento chegou ao fim.
Consequentemente, interpreto a expressão
aos espíritos na prisão como uma referência a seres sobrenaturais, e não à alma
de seres humanos.
“Dias de Noé”. Pedro coloca um marcador de tempo, a que espíritos se referem
à proclamação de vitória de Cristo? Desde o tempo de Adão até o dia em que Noé
entrou na arca, Deus exercitou sua paciência. Os contemporâneos de Noé eram
claramente perversos e, em sua rebelião contra Deus, serviam de agentes para
espíritos demoníacos. Que no meu entendimento, tais espíritos eram quem estavam
por trás da corrupção e perversão humana nos dias de Noé, assim como nos dias
da igreja do primeiro século, os dias dos leitores de Pedro. Ele traça um
paralelo entre a geração de Noé e a de seus leitores, sendo que os dois grupos
(a geração daqueles dos dia de Noé como a dos primeiro século) estavam sobre a
mesma ação dos mesmos espíritos. Sendo, portanto, Cristo superior a eles, assim
como foi nos dias de Noé.
A prisão e desobediência destes espíritos, estão claramente expostas em
toda a escritura.
20b na qual poucas ( isto é, oito ) almas se
salvaram pela água, que também, como uma verdadeira figura, agora vos
salva, batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de
uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo;
Pedro
aqui trás uma separação entre os contemporâneos de Noé e o próprio Noé e sua
família. A ideia é criar uma ponte entre o fato de Noé ter suportado as
aflições do seu tempo, e os destinatários de Pedro terem que suportar as suas.
As semelhanças continuam pelo fato de que os dois grupos (Noé e sua família e os
destinatários de Pedro) foram separados dos ímpios pelas águas; Noé pelas águas
do diluvio, os cristão do primeiro século, pelas águas do batismo.
Pedro
evoca a ideia também aqui da salvação pela fé. Seja no caso de Noé ou no caso
da igreja do primeiro século. Nos dias de Noé, eles foram salvos não pela
remoção da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com
Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo. A salvação de Noé e sua família
passa pelo fato da fé em Deus de que iria julgar o mundo pelas aguas e salvar
aqueles que entrassem na arca. Do mesmo modo os destinatários da carta. Cristo
haverá de julgar o mundo e salvar aquele que creem nele. A arca estava para
salvação de Noé e sua família, assim como Cristo estava para os crentes do
primeiro século. E nos dois casos o elemento principal é a fé.
Pedro
também esta enfatizando o fato de que os comtemporâneos de Noé eram
absolutamente controlados por espíritos imundos, assim como os perseguidores da
igreja na dispersão, mas que Cristo era superior a eles. E que assim como
sujeitou e proclamou vitória sobre aqueles espirito que operavam nos dias de
Noé, ele também prevalecia sobre os que operavam sobre os que perseguiam a
igreja.
O texto pressupõe que há uma semelhança entre
o dilúvio e o batismo, ou seja, assim como as águas do dilúvio limparam a terra
da perversidade humana, assim também a água do batismo indica a purificação do
ser humano dos pecados. Assim como o dilúvio separou Noé e sua família do mundo
perverso de sua época, assim também o batismo separa os crentes do mundo
perverso de nossos tempos. O batismo, portanto, assemelha-se ao dilúvio[4].
No
fim, ele se volta para o fato do que possibilita esta certeza de vitória de
Cristo é a sua ressurreição. Uma esperança para a igreja da diáspora, que o
Cristo sofredor, mas vitorioso os ressuscitaria e os salvaria assim como Noé e
sua família.
22
o qual está à destra de Deus,
tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as
potências.
Pedro
termina esta parte sobre o sofrimento, dizendo que o mesmo Cristo antes, que sofreu
agora esta a destra de Deus vitorioso e glorioso. Essa é uma afirmação de
proclamação de vitória (kerigma). Leva-nos a pensar que este texto poderia
fazer parte do repertorio dos hinos litúrgicos da igreja primitiva (Cl 1.15-20,
Fl. 2.6-11, 1Tm 3.16) o que não posso afirmar.
O fato é
que Pedro parece deixar implícito que, quando Cristo subiu aos céus, ele
proclamou a vitória sobre as forças espirituais inimigas. Os inimigos
espirituais de Cristo são Satanás e seus demônios. Como Paulo diz, Satanás é “o
príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos filhos da
desobediência” (Ef 2.2; ver 6.12). Uma vez que desarmou as forças do mal,
Cristo as derrotou e, então, proclamou sua vitória sobre elas (Cl 2.15)[5].
CONCLUSÃO
Pedro
afirma que cristo sofreu, morreu, ressuscitou e foi glorificado. E que isso
resultou em salvação para os seus leitores e julgamento e declaração de vitória
sobre os ímpios, satanás e seus demônios.
Que assim
como cristo sofreu, não tinha que ser estranho para os cristãos, o fato de
também sofrerem. Mas que assim como ele ressuscitara e vencera; seus discípulos
também ressuscitariam e venceriam em cristo.
Que embora
sofressem perseguição de autoridades e potestades, Cristo eram superior a eles
e os havia vencidos pela sua morte na cruz, e que eles tinham a garantia de sua
permanência em Cristo através do batismo, no qual os compelia a um compromisso
de uma boa consciência diante de Deus.
Toda
honra, gloria, louvor e domínio seja dada ao Cristo ressurreto. Amem!
Por
kennedy de Mattos Santos
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