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ROMANOS 11. 11 - E A OPORTUNIDADE DE ISRAEL

Romanos 11. 11. Digo pois: acaso tropeçaram para que caíssem? Impossível! Porém por sua queda tem lugar a salvação dos gentios — para torná-los ciumentos.

Talvez possa parecer à primeira vista que se trata de indagar se Israel não foi induzido ao tropeço para cair e propiciar a salvação dos gentios, em raciocínio, na melhor das hipóteses, irreverente, conforme 3, 5-6 e 6, 1-2. Ou então, talvez com menos dolo, se pudesse deduzir dessa passagem que a salvação dos gentios veio em consequência da queda de Israel; ou então em outras palavras, que a salvação das pessoas de fora da Igreja resulta do fracasso da Igreja.

Ora, tais interpretações estariam em desacordo com o ensino bíblico geral e os evangelhos em particular. (ver João 3, 16 ss e João 5, 24). Em romanos 10.11-13, o princípio de conceito de justiça de Deus do próprio Paulo é que não há distinção de pessoas, todavia a salvação vem pelo fato de crer e invocar o seu nome.

Israel não foi induzido ao tropeço, nem levado à queda. A missão dada à Nação Eleita foi testificar a graça divina; preparar o caminho para a vinda do Senhor em quem seriam (foram e são) benditas todas as nações da terra.

Os planos de Deus não são frustrados pela conduta humana (2, 11; Deut. 10, 17; Atos 10, 34 e seguintes; Gal. 2, 2); a missão de “nação sacerdotal” teria de cumprir-se e foi cumprida quer fosse com o coração dócil e leal de um Moisés ou um João (o Evangelista) e tantos outros, ou fosse com a dura cerviz de um Jonas, ou de um recalcitrante Saulo.

Israel foi de dura cerviz: Jacó lutou com o anjo do Senhor; o povo do deserto quis voltar às panelas de carne do Egito e se serviu do primeiro pretexto que lhes pareceu razoável para fundir o seu bezerro de ouro; a nação constituída preferiu um rei vistoso à liderança do Deus “invisível” de Samuel; adoraram nos “Altos”, aos astros visíveis e abandonaram o Altíssimo que talvez lhes parecesse por demais remoto e, pior do que isto, imaterial.

Perseguiram os profetas e se encastelaram em sua própria retidão e justiça; decoraram a lei, viveram sua forma, sua letra, porém não praticaram seu espírito; alardeavam o cumprimento do primeiro grande mandamento e prevaricavam no segundo, semelhante ao primeiro. Negaram ao Cristo a ponto de chamarem o seu sangue sobre eles e sobre seus filhos.

Na história da rebeldia contra Deus, assim como em sua culminância na crucificação, mesclaram-se sempre os reis, os governados e a soldadesca; o povo, da plebe ao Sumo Sacerdote. Acaso essa infame culminância de endurecimento, a rebeldia, seria restrita à responsabilidade daqueles que no tempo histórico da crucificação se achavam em Jerusalém? Se assim fora, então a ressurreição seria, também, só para as mulheres que encontraram o sepulcro vazio ou, quando muito, do pugilo de pessoas que viveram os poucos dias que mediaram entre a ressurreição e a ascenção.

Mas não é assim; a graça não tem data histórica, nem lugar geográfico, nem raça, tribo ou nação e também não os tem a transgressão. O mundo todo transgrediu — transgredi e transgredirá — ontem, hoje e sempre e nele estão incluídos cada indivíduo.

Como? Por que?
Porque os que estão sem lei, (quando têm olhos para ver e entendimento para compreender), percebem que Deus não opera segundo critérios humanos e por acepção de pessoas; que Deus não se deixa levar por engodos, nem promessas, nem sacrifícios, nem ritos, nem iniciação esotérica ou outra qualquer; Deus não julga pelo louvor, ou pela devoção, ou pela liturgia; nem por flagelação, ou renúncias ou obediência a alguma lei, ou seita, ou denominação.

Deus julga e justifica em conformidade de sua eleição eterna pelo que encontra no íntimo de cada pessoa. É pela rejeição divina à pretensa retidão humana que os “gentios quiçá mais vazios em si mesmos, vislumbram mais prontamente a Graça Divina. Ou seja, os judeus eram zelosos (10.2), os gentios se quer tinham a revelação da justiça. Os judeus eram zelosos, porém sem entendimento, mas tinham a revelação, porem estabeleceram a sua própria justiça, e quando a plenitude da justiça se revelou (jesus) eles não se sujeitaram a ela (10.3). Os gentios que não tinham a revelação sacerdotal (porem apenas a parcial Sl 19), quando ouviram da plenitude da justiça de Deus, estes creram.
Todavia a regra para salvação é estabelecida a todo homem, aquele que crer em Jesus será salvo. E isso inclui também os judeus!

A relação da parte de Deus para o Israel como nação, é de fidelidade a sua promessa feita aos patriarcas e não por uma singularidade especial como povo. Afinal depois de quase dois milênio de dispersão, é impossível que este povo siga ainda sua linhagem pura de sangue. Somente por este fato já seria impossível ser considerado como judeus genuínos. Estão mais para samaritanos (mistura de raças) do que para judeus puros.

Esperar que Israel como nação se converta como povo de Deus é uma utopia, todavia Deus permanece fiel em suas promessas. Crer que judeus alcancem a Cristo é uma realidade, mas Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para que pudesse usar de misericórdia para com todos. O privilegio da salvação é por meio de crer em Cristo, e não por nacionalidade.
1Pedro 2.9 Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.

Não que Israel tenha perdido sua prerrogativa de nação sacerdotal, mas sim que, a nação sacerdotal de Israel era também sombra daquela que viria depois, a saber a igreja. Pois se antes a estrutura era material, hoje o é espiritual. Antes a circuncisão era na carne hoje o é no espirito. Não é o fato de que estava tudo errado e foram substituídos por Deus. Afinal o próprio Jesus cumpriu todos os ritos daquele sistema até a última pascoa.

É o fato de que cumpriram sua missão e perdeu-se sua validade, assim como a igreja neste modelo cumprira a sua e passará a outro nível de sacerdócio. Israel era sacerdócio real para anunciar as grandezas daquele que viria. A igreja é sacerdócio real para anunciar as grandezas daquele que veio e virá.
Os sacerdotes da nova Jerusalém anunciarão as grandezas daquele que é eternamente.
Apocalipse 20.6 Benditos e santos aqueles que tomam parte na Primeira Ressurreição. Para eles a Segunda Morte não representa nenhum terror, porque serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele mil anos*.


NOTA* A expressão mil anos, não é uma referência a tempo literal e sim a infinidade de tempo que apenas Deus sabe quanto.
      
Bibliografia
Carta aos Romanos – Karl Barth Pg. 620-622

Biblia NVI

Comentários

Unknown disse…
Excelente texto, de sobriedade incrível.

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