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LIBERDADE CRISTÃ – VIVENDO COM EQUILÍBRIO



1Corintios 8.1-13

Introdução

Amados depois de falar, e durante já a um bom tempo pregar, sobre a obra extraordinária de salvação a qual Deus operou em nós. Agora gostaria de tratar a respeito de alguns aspectos de como deve ser essa vida após o novo nascimento. Sou constantemente abordado principalmente por uma geração de cristão mais jovens, com questões que começam com: posso fazer isso, ou usar aquilo? Tal coisa é pecado?

Mas, antes mesmo de entramos neste que é um tema extremamente delicado para a igreja, devo alerta-los que a liberdade cristã, e uma vida de equilíbrio, é um assunto que diz respeito exclusivamente àqueles que foram regenerados. Não se espera, que um indivíduo ainda não salvo e que ainda continua morto em seus delitos e pecados, venha viver desfrutando de sua liberdade, na comunhão dos santos sem ser danoso ao corpo de Cristo. Sua natureza ainda é inclinada para o mal somente, sendo ainda assim escravo do pecado e sem domínio próprio. O seu fruto portanto será sempre carnal e não espiritual.

Uma das realidades da igreja hoje é que temos duas gerações de cristãos na igreja. E as duas são importantes, as duas ouviram o evangelho e creram em Cristo como Senhor e salvador das suas vidas. O problema é que, cada geração vive experiências diferentes, e usam lentes diferentes para enxergarem a vida cristã. O texto que lemos vemos Paulo lidando com estes mesmos grupos na igreja de corinto. E ele chama a um grupo deste de fracos e outro de fortes na fé.
Agora como solucionar isso? Escolhemos por um grupo e decidimos como a igreja será a partir do ponto de vista daquele grupo, e excluímos o outro? Logico que não. Então como viver a vida cristã em comunhão com o meu irmão apesar de nossas diferenças?

Martyn L. Jones diz que: “Há sempre dois extremos perigosos, no qual temos a tendência de cair, com relação a nossa liberdade cristã: um deles, é um tipo de escrupulosidade mórbida, um tipo de rigor extremo, onde o indivíduo está sempre se perguntando o que deve fazer. Ficando assim sempre em grande dificuldade, criticando e condenando outros. Tais pessoas estão sempre baixando regras e regulamentos de como os outros devem portar-se, e estão sempre em dificuldades quanto a própria vida. O outro tipo, é o que varre para o lado toda a regra, e mais ou menos afirma que não importa o que você faz, agora que se tornou cristão.”[1]     
Vamos usar o texto da carta aos coríntios onde Paulo tratou deste mesmo problema, e aplicarmos a igreja hoje.

O CONTEXTO E O PROBLEMA

Todos nós temos com bastante clareza, em nossa mente, que há certas coisas na vida cristã que são absolutamente claras. Em qualquer lugar e época amar o próximo é uma coisa certa. Todavia, também há coisas que são essencialmente erradas. Cometer adultério, assassinar, e odiar as pessoas são práticas reprováveis em todo tempo e lugar. E por que essas coisas são claras? Por que a bíblia é muito clara com relação a essas coisas, ela não deixa dúvida alguma.[2]
Porém, há determinadas coisas que a igreja fica imaginando: E certo? E errado? Pode fazer? Não pode fazer? Devemos fazer? Não devemos fazer? É pecado, não é? Por exemplo: O crente pode ir à praia? O crente pode jogar baralho ou dominó? Usar calça, usar bermuda, usar brinco, fazer tatuagem, etc? Pode participar de shows? Ouvir música do “mundo”? Essas questões, às vezes, nao estão tão claras na mente da maioria das pessoas. O que fazer quando a bíblia não é clara com relação a alguns assuntos (principalmente culturais)? Como viver nossa liberdade cristã com equilíbrio? [3]

Martyn L. Jones, tratando a respeito deste assunto, os chama de indiferentes, exatamente por que a natureza deles é indiferente a orientação bíblica, ou seja, a bíblia não os trata de forma algumas, ou quando muito, sem muita clareza ou de forma muito superficial, ele diz: “Primeiro, essas questões indiferentes não são centrais, e não determinam se somos cristãos ou não. Segundo, essas questões indiferentes não são a base pela qual recebemos alguém ou não ao rol de membros da igreja. Terceiro, devemos lembrar que todos nós, mesmos em nossas melhores condições, somo imperfeitos e quarto lugar, o nosso conhecimento da fé nunca é completo.”[4] 

Na igreja de Corinto o problema não era ir à praia, ou usar essa ou aquela roupa, fazer tatuagem, usar brinco ou não. Esses não eram os problemas que a igreja de Corinto enfrentava. Contudo, a igreja de Corinto enfrentava outro problema. Os crentes podiam comer carne sacrificada aos ídolos? Para nós não há nenhum problema em comer carne. Comer carne hoje não vai morder sua consciência, mas sim o seu bolso. Os problemas que afligiam a igreja de Corinto eram diferentes dos nossos, mas os princípios para resolvê-los são os mesmos para nós.[5]

O problema dos ídolos na cidade de Corinto não era uma questão tão simples. A cidade toda estava infestada de ídolos. A religião oficial daquele povo era a idolatria. Os crentes convertidos em Corinto tinham vindo da idolatria. Eles eram adoradores de ídolos.[6]

Na época de Paulo, os sacrifícios pagãos eram atos religiosos que envolviam a família. Animais eram levados ao sacerdote, mortos e oferecidos aos deuses. Certas partes eram queimadas no altar, outras partes eram tomadas pelo sacerdote, e o resto da refeição consagrada era devolvido à família que havia oferecido o animal como sacrifício. A família convidava amigos e parentes, entre os quais havia cristãos, para uma festa. Outras vezes, a carne consagrada era vendida nos mercados. Os cristãos então compravam a carne e consumiam-na em casa.[7]

Os membros da igreja coríntia se viam diante da dúvida de saber se deveriam comer carne que tinha sido consagrada a um ídolo num templo pagão. Estavam livres para ir a festas desse tipo? Podiam se divertir em nome da liberdade cristã? (ver 6.12; 10.23)? A consciência de alguns crentes estava despreocupada, enquanto a de outros estava pesada (8.7). Um partido podia dizer ao outro partido: “Não exagere quanto à justiça”, e o segundo partido podia replicar: “Não exagere quanto à perversidade ” (Ec 7.16,17).[8]

Então, surgia uma dúvida na mente deles: Podemos comer carne que os pagãos oferecem aos ídolos? É pecado fazer isso? A pergunta deles era: Comer carne sacrificada aos ídolos é a mesma coisa que adorar a um ídolo? A resposta de Paulo a essas questões lança luz no assunto da nossa liberdade cristã. Para que essa liberdade não se torne libertinagem e nem repressividade. Não podemos ser uma igreja libertina onde tudo pode, e nem uma igreja repressiva, onde não pode nada e tudo é proibido.

FUNDAMENTOS DA LIBERDADE

1Corintios 8.1-3

O apostolo Paulo lança logo de início o fundamento básico de como lidar com a minha liberdade e a liberdade do meu irmão. São duas pedras fundamentais: conhecimento e amor. Precisa ser os dois fundamentos, se usarmos apenas um, a casa cai.

No que se refere às coisas sacrificadas a ídolos, reconhecemos que todos somos senhores do saber. O saber  ensoberbece, mas o amor edifica. 8.1. 

Todos temos conhecimento em um certo sentido, e todos temos uma opinião, através do conhecimento que temos. Nossas opiniões, pensamentos, posturas a atitudes vem deste conhecimento que temos sobre alguma coisa.

Existiam aqueles que achavam que comer carne sacrificada ao ídolo não significava nada. E eles faziam isso baseado no conhecimento que eles tinham, a respeito deste assunto. E existiam aqueles que achavam não deveriam comer, também baseado no conhecimento que eles tinham a esse respeito.
Existe gente que acha que mulher usar calça não há problema, e faz isso baseado no conhecimento que tem do assunto. E existe gente que acha que mulher não pode usar calça, e faz isso baseado no conhecimento que tem sobre esse assunto.

E qual é o problema? O saber ensoberbece! Nos deixa inchados, e inflados. A sabedoria não serve para resolver os limites da liberdade cristã. O equilíbrio encontra-se no amor, que edifica. Um cristão deve começar com amor. Ele só consegue edificar sua vida espiritual sobre o fundamento do amor. O conhecimento sem o amor envaidece. O amor nunca é arrogante (13.4), mas sempre construtivo. Por inferência, o conhecimento que se subordina ao amor torna-se útil.[9]
O conhecimento segrega, cria grupos e partidos, e neste sentido, incluímos uns e deixamos outros de fora. Ora não foi exatamente este o problema da igreja de corinto que Paulo muito criticou no início desta carta (1Co. 1.12-13)?. Já o amor acolhe, suporta, inclui e edifica.

Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber. 8.2.  A palavra saber aqui é gnosis que é melhor traduzida por conhecimento, ou conhecer. Quem acha que sabe tudo, é prova de que não sabe usar o conhecimento que tem. Gente que é dona da razão. Gente que é guiada pela sua razão, e não leva o amor ao outro em consideração. E este é um argumento preparatório para uma afirmação muito forte que Paulo fará no próximo verso. Pois se você usa do seu conhecimento para oprimir o seu irmão, não levando em conta o amor. Será que você conhece mesmo a Deus? pois se o saber que você julga ter, não te leva a conhecer a Deus (Jr. 9. 23, 24), logo você ainda não sabe como convém saber.

Sem conhecer a Deus, não há como saber o básico de como ele opera sua salvação das mais diversas formas; dando ao corpo de Cristo que é a igreja através dos dons as mais diversas formas (1Pd. 4.10). Sem conhecer a Deus teremos dificuldades de entender sua operação diferente na vida de outras pessoas, e usaremos nosso arrogante conhecimento para definir aquilo que ele não definiu, ou definiu diferente. O conhecimento por si só é sempre um ídolo, que tenta escravizar Deus a nossa vontade. Por isso aquele que julga ter conhecimento, e faz isso à parte de Deus, na verdade não conhece coisa alguma.

Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele. 8.3.  Ou seja, o ponto de Paulo aqui é: seja o irmão mais liberal, seja o mais conservador, no final o que importa mesmo é: ele é salvo? Você é salvo? Porque, se você não pode amar o irmão que vê, como pode dizer que ama a Deus que não vê?
A pergunta que você deve fazer com relação a seu irmão, se ele está certo ou não agindo de modo que você não concorda é: Essa pessoa ama a Deus? Se sim, então Deus o conhece. Eu posso discordar do modo ou costume de alguém, mas o ponto é: essa pessoa tem as evidencias da salvação, do amor, da graça, da piedade? Tem os frutos do Espírito Santo? O amor me fará ver que existem coisas que eu não entendo (conhecimento), mas são evidentes e irrefutáveis; e é a prova da multiforme graça de Deus.

Pois também pode acontecer o contrário. De existir alguém que vive e se porta da maneira como penso de deve ser, segundo meu conhecimento, porém não há evidencia nenhuma de que é amado por Deus. Nunca foi salvo ou regenerado, como por exemplo, o fariseu Nicodemos, que apesar de viver uma vida rigorosamente piedosa com orações diárias, estudo das escrituras, jejuns e portar-se de modo rigoroso, todavia não era salvo, pois necessário era que nascesse de novo. 

O que devo considerar antes de tudo na vida do outro é este fato: se ele é conhecido de Deus. Isso quer dizer, se ele é salvo, se Deus o conheceu no passado e ele permanece assim, salvo. Antes de procurar julgar o outro pelo que ele usa ou faz (isso com relação a coisas que a bíblia não é clara), preciso procurar pela evidencia de sua eleição. Pois se Deus o recebe assim, quem sou eu para despreza-lo?

Conclusão

Existem portanto questões que não são centrais para a fé cristã. Questões que não são claras, são indiferentes e que por isso não são nem morais e nem imorais, mas que todavia trazem grandes inquietações a vida comunitária da igreja, e que portanto não podem ser ignoradas, mas também não devem ocupar lugar de destaque na nossa peregrinação neste mundo.

Sempre existiram na igreja pessoas que pensam diferentes sobre estes assuntos da liberdade cristã. E portanto devemos lidar com eles com humildade de espirito e não com espírito de arrogante conhecimento. Entendendo que aos nossos olhos sempre estaremos certos em nossa razão e o outro errado. E isso não pode ser assim.

Devemos lidar com essas questões procurando conhecer a Deus, e os diversos modos de sua operação para salvação, e amando e acolhendo aqueles que ele acrescenta ao corpo da igreja. Devemos verificar os frutos da salvação, e não dos modos e costumes pois esses não são centrais e passam. Pois se um irmão tem evidencia de salvação, e novo nascimento, e usa de costumes que julgo errados, mesmo sendo estes indiferentes nas escrituras. Então Deus joga por terra meu conhecimento e me mostra que sou um tolo.

Conhecimento e amor devem ser a base da nossa liberdade em Cristo e de uns com os outros. Quando existe apenas conhecimento, o legalismo impera. Quando existe apenas amor, onde tudo é tolerado, (e neste caso já deixou de ser amor) a libertinagem impera.



A IMUTABILIDADE DE DEUS

Portanto, em relação ao alimento sacrificado aos ídolos, sabemos que o ídolo não significa nada no mundo e que só existe um Deus. 8.4

Depois de lançado os fundamentos, Paulo agora passa as coisas práticas da nossa liberdade. E sua primeira afirmação é: Coisas não mudam quem Deus é! O fato de existirem vários deuses no mundo, não muda em nada o fato de que existe apenas um Deus. E o fato de coisas não mudarem quem Deus é, serve de alerta tanto para os mais conservadores, quanto para os mais liberais. Ou seja, Deus não age segundo nosso ponto de vista. No passado muitas pessoas achavam que ver televisão era pecado. Isso não mudou Deus no passado e nem o muda hoje.  Mas também no passado fornicação era pecado, e hoje está sendo normalizado, mas Deus não mudou. O equilíbrio da sua liberdade passa pelo temor do Senhor. Liberdade sem temor é irresponsabilidade e loucura.

Isso significa que posso adorar o ídolo, porque afinal ele nada é e só existe um Deus? Não! Porque neste caso você resolveu o problema com relação ao ídolo que nada é, mas e Deus? Você precisa leva-lo em consideração!

Este foi exatamente o problema de Salomão. Ele entendeu certo, os ídolos das suas mulheres não eram deuses, e ele sabia disso. O problema é que essa lógica de Salomão entrava em rota de colisão com outra. O fato de que Deus é Deus, e quando o sentido da sua vida deixa de ser o próprio Deus, isso se torna idolatria. O foco não pode estar na roupa, na joia, na tatuagem, nisto ou naquilo. Isso nada é! Mas diante de tudo isto precisa haver o temor do Senhor que é!

Sem o temor do Senhor, essas coisas ou a ausência delas, o homem permanece na mesma condição: morto em delitos e pecados!

A CENTRALIDADE DE DEUS NA NOSSA LIBERDADE

Pois, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também.

A questão é: para o que você vive? No verso 6, Paulo nos chama atenção para alguns fatos importantes:

Primeiro. Todas as coisas são criadas por Deus (todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas). Tudo vem dele, tudo é para a gloria do seu louvor. Aqui vale a pena ressaltar uma atitude muitas vezes vista na igreja que é uma separação entre “coisas de Deus” e “coisas do mundo”. Como se Deus se limitasse a operar apenas na esfera da igreja. Isso é um erro grave. Todas as coisas são de Deus e estão debaixo da sua autoridade e poder. O fato da criação inteira ter sido afetada pelo pecado, não significa que Deus foi destituído de seu governo. Pelo contrário, quem foi expulso foi o ser humano e não Deus.

Portanto aquilo que é belo, gracioso, que não ofende, nem é imoral, nem ilegal seja onde for, o cristão pode desfruta-lo. Ora quem dá a capacidade a um pintor de criar uma bela arte? Quem dá inspiração ao compositor para compor canções belíssimas? Como pode ser mal visto tomar banho na praia, quando quem a criou, a fez para esse prazer? Quem deu à mulher a beleza? Quem estabeleceu a política, a sociologia, a arte, a tecnologia e todas as outras coisas que elevam o espírito? Essas coisas nas medidas certas me são licitas. É claro que o pecado atingiu todas as nossas faculdade e capacidades, mas isso não significa que temos que nos abster de tudo e considerar tudo pecaminoso, pois se for assim consideraremos Deus o autor de todo mal.

Tudo isso nos é licito, mas vejam o princípio que Paulo aqui aplica: Nós não existimos para as coisas e sim para o próprio Deus. Uma bela música, é fruto da graça de Deus, mas nós não devemos viver para a música e sim para Deus. Tudo o que foi criado no mundo vem de Deus, mas nem tudo está em Deus. Eu posso apreciar essas coisas, mas não posso permanecer nelas e sim em Deus. Isso é liberdade!

Segundo. “...e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas.” Todas as coisas pertencem e estão debaixo da autoridade de um só Senhor. Cristo tem autoridade sobre as coisas, ele é o único Senhor de tudo. Porque não comemos carne de porco? Porque o Senhor de tudo disse: não coma! Nós não servimos as coisas, e sim a Cristo. Nele vivemos, nos movemos e existimos. Nele, por ele! Não nas coisas, não pelas coisas. 

Não existe um centímetro quadrado neste universo, onde Cristo não seja Senhor e dono. Quem é você no ambiente em que está? No seu trabalho você é cristão? Alguém te reconhece como cristão quando você vai à praia? Em um casamento de não crentes, você também vira um não crente? O problema não é o lugar, ou as coisas, e sim você!

O uso de alguma coisa não te define, mas você define o uso de qualquer coisa. O lugar, ou a situação não te define, mas você define o ambiente onde você está! O sal é você, e se você não está causando o efeito que deve causar, você é um inútil!

DEFININDO O FRACO

​Entretanto, não Há esse conhecimento em todos; porque alguns, por efeito da familiaridade até agora com o ídolo, ainda comem dessas coisas como a ele sacrificadas; e a consciência destes, por ser fraca, vem a contaminar-se.  1Co 8:7

O apostolo começa este verso afirmando que esse conhecimento que acabei de explicar não existe em todos. Nem todos tem a mesma maturidade, o mesmo tempo de fé e o mesmo grau de acesso e de informação da revelação da palavra de Deus, e isso é natural na igreja quanto comunidade. E ele dá um exemplo, dizendo que, existem crentes tão acostumadas com os ídolos, que até agora comem desses alimentos, pensando que eles pertencem aos ídolos. A consciência dessas pessoas é fraca, e por isso elas se sentem impuras quando comem desses alimentos. Ou seja, elas ainda não entenderam que o ídolo nada é, e portanto consideram que, quem come carne que foi sacrificada aos ídolos, é o mesmo que adora-lo. Ora tal irmão deve ser considerado não salvo por pensar assim? Claro que não, ele é salvo, porem sua fé é fraca neste sentido. E mesmo sua fraqueza não deve ser desprezada, mas levada em consideração, por causa daquele que o salvou.

 Um exemplo oposto a este também deve ser levado em consideração. O exemplo de alguém que salvo e regenerado, mas porem come de tudo sem nada discernir e sem temor. Em todo ambiente e situação uma vez que entendeu que o ídolo nada é, ele acaba extrapolando os limites da sua liberdade e passa a viver uma vida que não o diferencia em nada da vida que tinha antes de vir a Cristo, fazendo de Cristo apenas mais um ídolo aos olhos dos ímpios. Este também peca por sua fraqueza na fé.  

Antes de continuarmos na exposição deste verso, creio que seja necessário explicar o conceito de fraco ao qual Paulo se refere. Em Romanos 14.1 Paulo trata do mesmo assunto que aqui, e lá sua orientação é que o fraco na fé deve ser acolhido. Mas quem é esse fraco na fé? Primeiro é bom lembrar que Paulo não se refere a este individuo como “fraco de fé” e sim “fraco na fé”. Isso quer dizer que tal crente, foi salvo e alcançado pela graça de Deus, ele é genuinamente salvo, porém ainda fraco nesta salvação.

É o caso de muitos que se convertem, mas ainda permanece em práticas e vícios que são familiares com sua vida outrora de perdido. Ainda são bebes na fé, sem o discernimento próprio da maturidade cristã. Ou também o caso daqueles que por sua natureza extremamente zelosa, passam a viver de uma forma legalista procurando a justificação pelas obras. Adotam um estilo de vida essênio, procurando sempre a auto justificação diante de Deus. Sua fraqueza está no fato de não entender que já foi aceito por Deus pela fé em Cristo, e por isso procura sempre se justificar por si mesmo. Porem tanto um quanto o outro foram salvos. E é aqui que pecamos contra a comunhão, pelo fato de não discernirmos a salvação no que é fraco na fé.

Precisamos aceitar que na igreja sempre haverá o grupo dos fracos na fé, como também dos fortes. E isso é importante que assim seja, a igreja é composta de pessoas diferentes. Precisamos entender também que ser cristão não é algo magico, no sentido de que todos recebem a mesma intensidade de luz do Espírito Santo na conversão, não! Nós não temos todos as mesmas condições, por isso as porções da luz do Espírito Santo é diferente para cada um, e isso digo com respeito a maturidade e crescimento espiritual. O que recebemos igual a todos, é a obra de convencimento do Espírito Santo para salvação, essa sim é a mesma, somos todos convencidos do pecado da justiça e do juízo, isso nos leva ao arrependimento, confissão e a fé, e então nascemos de novo. Mas o desenvolvimento desta salvação é diferente em cada um, sendo a regra para todos o temor e tremor (Fl 2.12).    

LIDANDO COM COISAS INDIFERENTES

Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos. 1Co 8:8

Ou seja, comer carne é algo amoral. Eu não sou salvo por deixar de comer carne, e nem se comer. Comer carne é algo amoral. Não é nem imoral e nem moral. Então este é um importante ponto que você deve considerar; o que você pretende usar ou fazer é legal ou proibido? É imoral, moral ou amoral?

Porem existe um outro detalhe, dependendo de certas circunstâncias comer carne poderia tornar-se imoral. Por exemplo, se você for a Bahia, você pode comer acarajé? Bom comer o acarajé em si não é pecado, ainda que seja de uma baiana vestida de mãe de santo (vai da sua consciência), mas o acarajé em si, não é nem imoral e nem moral. Mas quando se torna imoral? É se quando você for comer, a tal mulher lhe disser: olha este acarajé, foi oferecido aos Orixás! Porque isso se torna um problema? pelo fato de que, comer do acarajé passou de um simples ato de comer, para um ato de culto aos Orixás.

Outro exemplo chupar bala no dia de Cosme e Damião é moral ou imoral? Para o cristão é imoral pois ele sabe que aquelas balas foram oferecidas a demonios. Mas se passa um mês, e o devoto está com um monte de bala que foi oferecida também a Cosme e Damião, e ele distribui isso, e você pega e come, não sabendo, isso é amoral. Você está inocente quanto a isso, e não vai te acontecer nada, por que diante de Deus você não sabe, e o ídolo nada é. Isso é liberdade cristã!

Mas você pode questionar: bom, as balas foram oferecidas como forma de culto de qualquer maneira. Neste sentido, mesmo eu não sabendo, não estaria adorando ao ídolo da mesma maneira? Logico que não! Todo culto, tem sempre o mesmo sentido que é a Deus. O culto ao ídolo é um pecado, não por causa do ídolo em si (ele nada é) que é adorado como se fosse Deus; mas sim porque o culto não está atingindo seu único propósito, que é de glorificar a Deus. E neste sentido então, se o indivíduo não tem conhecimento de que ao consumir alguma coisa que foi oferecida ao ídolo como forma de culto, logo diante de Deus ele está inocente.

Outro exemplo: ouvir “aguas de março” de Tom Jobim e Elis Regina é moral ou imoral? Como saber? Ora do que fala a letra da canção? Ouvir “Vai malandra” da Anita é moral ou imoral? Ouça a letra, e você verá que além de imoral, e de péssimo mal gosto. Ir no show do Tom Jobim não é a mesma coisa de ir no show da Anita. Em um é arte, no outro é culto a sensualidade. Um exemplo disso são as músicas das cerimonias de casamento, e digo isso para não cairmos em hipocrisia. Não usamos músicas do HBJ, e sim músicas na maioria das vezes seculares, e nem por isso ofendem a dignidade da cerimonia e nem a impetração da benção de Deus, pois suas letras, melodias e harmonia condizem com o momento.

Aí você precisa continuar colocando essas coisas no crivo das escrituras: você pode? Pode, você é livre! Você deve? Tem o dever de fazer, é obrigado? Não. Convém que você vá? Agora se você é adolescente, criança, jovem e está debaixo da tutela dos seus pais, ainda que a bíblia te permita, mas seus pais não, você deve obedece-los. Pois a bíblia te permite a fazer, porem ela da autoridade a seus pais para ordena-lo. E ordem e mandamento é uma coisa permissão é outra.

Na mesmíssima linha segue a igreja. Existem coisas que a bíblia não proíbe, mas a igreja sim. Porque? Por que a igreja é uma sociedade de pessoas diferentes, que pensam diferentes e precisam de uma definição comum para todos. Senão vira bagunça! Durante algum tempo a igreja considerou, pelo bem da comunhão geral dos cristãos, que mulher usar calça era imoral, e proibiu o seu uso. O tempo passou e isso nos dias de hoje não é um problema para a maioria e para a cultura cristã. Isso quer dizer que a igreja hoje está em pecado? De jeito nenhum! Onde a bíblia diz que calça é roupa de homem e não de mulher? Usar calça é amoral, mas existem uso de calça que se torna imoral. E existe calça de homem e calça de mulher.

Então você que olha para determinada coisa e gostaria de usar, e inteligente entende com temor de Deus que com relação a isso a bíblia não proíbe, mas a igreja sim; tenha paciência, pois você não é uma ilha, mas como salvo, você faz parte de uma comunidade de Jesus. Existem outros irmãos que você deve considerar. Tudo tem seu tempo, e você precisa ter domínio próprio sobre suas paixões e desejos. Se a igreja toma decisões restritivas, é por entender que isso faz mais bem a comunidade do que mal. Então cuidado com a desobediência, pois Deus deu a igreja autoridades.

E você irmão, que é mais conservador, quando a igreja rever aquilo que antes ela restringia, e hoje não restringe mais; você não é obrigado a fazer uso destas coisas, apenas livre se quiser fazer ou não. Guarde seu coração e sirva ao Senhor da melhor maneira que você puder, mas cuidado com a murmuração, a tristeza e o desamor.    

Então existem coisas que ainda que não estejam claras de como devemos proceder biblicamente, isso não quer dizer que eu tenho que logo fazer uso delas porque não são proibidas, mas você deve tomar cuidado pois elas podem passar a ser dependendo da circunstância. Ou seja, você é sim livre para faze-las, mas considere outros aspectos:  

Havia três lugares onde se encontrava carne sacrificada aos ídolos em Corinto. Nesses lugares os crentes precisavam se acautelar. Quais eram esses lugares?

O próprio templo dos ídolos (8.10). Paulo argumenta: “Porque, se alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à mesa, em templo de ídolo, não será a consciência do que é fraco induzida a participar de comidas sacrificadas a ídolos?” A carne que era sacrificada nesse templo pagão era dividida em três partes. Uma parte era sacrificada no altar desse templo pagão, a um ídolo pagão. A outra parte ficava com o sacerdote pagão e a terceira parte da carne era entregue ao adorador do ídolo. Esse adorador nem sempre consumia toda essa carne. Parte dela, ele a vendia para o mercado, para os açougues públicos, e o restante ele levava para a sua casa.

Certamente, Paulo está dizendo, que os crentes não deviam comer carne sacrificada aos ídolos nos templos de ídolos. Comer carne, que é um ato amoral, nesse contexto, se torna imoral. Comer carne é lícito, mas comer carne em templo de ídolo nao convém. Tomar guaraná é amoral, tomar guaraná no bar se torna imoral. Porque? Por causa do exemplo que Paulo dá. Se alguém te vir tomando guaraná no bar, como saberá que não é uma cerveja? E se ele for fraco pensará que você está bebendo e pensará que também poderá beber. Ainda que tomar guaraná no bar não seja pecado, você poderá está induzindo o fraco na fé a bebedeira, o que é claramente pecado na bíblia.

Ademais comer carne no templo do ídolo, fazia parte do rito de culto ao ídolo. Se o cristão que se considerava forte na fé porque sabia que o ídolo nada é, e por causa deste argumento participasse de um churrasco no templo do ídolo, e um recém convertido, que antes era adorador do mesmo ídolo o visse assim fazendo, o que ele pensaria? Logicamente que afinal não havia diferença entre Cristo e o ídolo. Pois ele não iria entender que era apenas comer carne, e sim adoração ao ídolo.

A casa dos amigos idólatras (10.27,28). “Se algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência. Porém, se alguém vos disser: Isto é coisa sacrificada a ídolo, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência” (10.27,28).

Algumas pessoas traziam a carne para casa depois do sacrifício e convidavam seus amigos para comer. A festa não transcorria na frente do ídolo, mas a carne servida era a mesma oferecida ao ídolo lá no templo pagão. O que o crente deveria fazer neste caso: comer ou não comer? Paulo orienta que se o crente viesse a saber que a carne havia sido sacrificada, não deveria comer. Porém, se não soubesse, não havia problema em comer.

Um exemplo prático. Quando eu ia na casa dos meus parentes em Rondônia, eu não ficava perguntando se aquela comida era feita com óleo de soja ou banha de porco. Mas meus parentes em respeito a mim e minha família, sempre quando íamos, nos avisavam olha este arroz nós fizemos com óleo de soja, esse não. Mas se eles não falassem nada, com fome que eu não ia ficar. Sabemos que tem alimento que o Senhor nos proibiu, porem quando eu não tenho essa informação, minha consciência está em paz.

Nos mercados públicos (10.25). Paulo aconselha: Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência” (10.25). Tanto os sacerdotes quanto os adoradores costumavam vender a carne que sobrava dos sacrifícios para os açougueiros. Mas como saber qual carne do açougue tinha ou não sido oferecido no templo? Era impossível saber! Tem gente que não compra sabão em pó da marca surf, porque disseram que o dono da empresa era satanista. Ora e dai, eu não compro porque a esposa diz que ele é muito ruim. Se fosse assim deveriam conhecer a vida de todos os acionistas da Johnson e Johnson, donos da marca Omo, e ninguém faz isso. Liberdade cristã, é saber que essas coisas não podem nos separar do amor de Cristo Jesus nosso Senhor.

Na igreja de Corinto formaram-se dois grupos opostos. Que grupos eram esses?

Os abstinentes e legalistas. Algumas pessoas, que Paulo identifica como os de consciência mais fraca, diziam: “Nós não podemos comer carne em hipótese nenhuma, pois corremos o grave risco de comer carne sacrificada aos ídolos”. Para nao correr riscos, eles decidiram cortar a carne do cardápio. Tornaram-se vegetarianos para não caírem no perigo de comer carne sacrificada aos ídolos. Os crentes fracos eram aqueles que eram regidos pelo zelo, mas sem entendimento.

Os permissivos e libertinos. Paulo os chama de fortes. Eles diziam: “Não! O ídolo é nada! Não passa de um pedaço de barro ou madeira e ele não tem valor algum, vamos comer carne a valer! Não importa o lugar ou a circunstância, vamos comer carne sem qualquer drama de consciência”. Os crentes fortes, eram aqueles que eram regidos pelo conhecimento. Eles haviam compreendido corretamente que o ídolo não é um Deus e, portanto, comer carne que foi oferecida aos ídolos não significava nada. Mas tem um problema com esse pensamento. O ídolo realmente não é nada, mas o problema é quem está por trás do ídolo, que são demonios, e a bíblia é clara: Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice de demônios; não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa de demônios.  1Co 10:21

Esses dois grupos feriram a comunhão da igreja! A igreja se dividiu: Uns achando que não podiam comer carne de maneira nenhuma; outros achando que podiam comer em qualquer circunstância. E, assim, a igreja mais uma vez sofreu um abalo da quebra de comunhão.

Paulo chama os dois grupos de fracos e fortes. O grupo que Paulo batizou de fracos, os que se abstinham totalmente de comer carne, chamava o grupo denominado de fortes, que comiam carne em quaisquer circunstâncias, de crentes mundanos. E esses fortes chamavam os abstinentes, os fracos, de fanáticos, pessoas sem entendimento da verdade.

Os dois grupos têm coisas boas e coisas ruins. O ideal é haver um complemento do dois; zelo e conhecimento. E havia uma coisa que faltava aos dois grupos: amor. Zelo sem amor, é falsa humildade! Conhecimento sem amor é arrogância.

CONCLUSÃO

Você que é zeloso, continue sendo, mas aprenda a ser humilde e a amar seu irmão, ainda que ele não aja de um jeito que você não entende ou aprova, e ele procurará você para ter o equilíbrio que precisa.
Você que tem conhecimento, e entende que algumas coisas realmente são irrelevantes, e realmente são; entenda que conhecimento não é o mesmo que sabedoria. Que o conhecimento ensoberbece, ou seja, te deixa inchado com um balão, mas o amor edifica.

O fiel da balança do equilíbrio, é o amor.



Lembra-te de mim o Deus, para o meu bem.












[1] M. L. Jones – Coment. Romanos Vol. 14 – Pg 22
[2] Hernandes D. Lopes – Comentarios Hagnos 1 Corintios – Pg 147
[3] Idem
[4] M. L. Jones – Coment. Romanos Vol. 14 – Pg 40, 41
[5] Hernandes D. Lopes – Comentarios Hagnos 1 Corintios – Pg 147
[6] Idem
[7] Coment. N.T – 1Corintios - Simon J. Kistemaker – Editora cultura Cristã –Pg 368
[8] Idem
[9] Coment. N.T – 1Corintios - Simon J. Kistemaker – Editora cultura Cristã –Pg 369

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O GRANDE GENERAL PLÁCIDO

Eustáquio, ou Plácido (nome pelo qual era mais conhecido), foi um dos grandes generais do exército romano, no início do segundo século. Seu nome e sua influencia eram notórios entre os soldados, tanto por causa de sua virtudes quanto por sua capacidade e triunfes militares. Todos o admiravam por sua brandura e seu amor à justiça e à caridade. Ele era um pai para os soldados, e tratava-os com mansidão e justiça, virtudes desconhecidas da bárbara soldadesca, mas preciadas no momento em que a sua influência benigna era sentida. Ele era generoso e caritativo com os desafortunados, e apesar de pagão, notavelmente virtuoso. A verdadeira grandeza é incompatível à propensão brutal do homem. As virtudes e a posição exaltada de Plácido atraíram os homens mais conspícuos da época, como se fora uma estrela solitária brilhando através da massa escura de nuvens, numa noite tempestuosa. Não admira que ele fosse assinalado pela Providência como objeto de graça especial, e instrumento de grandes mila...

CONECTADOS COM A PALAVRA

Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração. Hb 4.12 Segundo o  Ibope Media , somos 94,2 milhões de internautas tupiniquins (dezembro de 2012) [1] , sendo o Brasil o 5º país mais conectado [2] . O percentual de brasileiros conectados à internet aumentou de 27% para 48%, entre 2007 e 2011 [3] . O principal local de acesso é a lan house (31%), seguido da própria casa (27%) e da casa de parente de amigos, com 25% (abril/2010). O Brasil é o 5º país com o maior número de conexões à Internet [4] . 50,7 milhões de usuários acessam regularmente a Internet [5] . 38% das pessoas acessam à web diariamente; 10% de quatro a seis vezes por semana; 21% de duas a três vezes por semana; 18% uma vez por semana. Somando,  87% dos internautas brasileiros entram na internet semanalmente [6] . Tempo médio de navegação Em julho ...

A Parábola do Rio - Romanos 1.21-32

Havia outrora cinco irmãos, que moravam com o pai num castelo, no alto de uma montanha. O mais velho era um filho obediente. Seus quatro irmãos, todavia, eram rebeldes. O pai tinha-lhes grande cuidado por causa do rio; já lhes havia implorado que ficassem distante da margem, para que não fossem varridos pelo refluxo da maré. Mas eles não ligavam; a atração do rio era-lhes demasiadamente forte. A cada dia, os quatro irmãos rebeldes arrisca­vam-se cada vez mais perto do rio, até que, uma vez, um deles atreveu-se a tocar a água. — Segurem a minha mão — gritou ele. — As­sim não cairei. E seus irmãos o fizeram. Quando ele porém tocou a água, o repuxo arrastou-o com os outros três para dentro da correnteza, rolando-os rio abaixo. Foram despencando de rocha em rocha, girando no leito do rio. Arrastados pelas vagas, eles se foram. Seus gritos de socorro perde­ram-se na fúria do rio. Embora se debatessem tentando recuperar a estabilidade, foram impotentes contra a força da correnteza. Depois de...

A Igreja Não é uma Democracia: A Sabedoria de um Governo de Discipulado

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